Oi, meu nome é Pedro. Eu sou ateu. Fui criado por um pai e uma mãe, ambos criados "catolicamente". Minha mãe num convento, meu pai no interior do Rio. Engana-se quem pensa que eu fui criado pelo capeta. Minha mãe lia a bíblia toda noite pra família e me dizia que papai do céu tava olhando por mim. Por que minha mãe me criou assim? E como eu virei ateu?
Bom, minha mãe nunca acreditou em Deus, nem no convento. E nem conseguia acreditar que alguém acreditava de verdade. Ao longo de sua vida percebeu que religião era uma arma de controle populacional muito bom. Toda a história do povo temer a Deus, uau, senacional. Então resolveu fazer isso com os pestinhas que ela tinha parido. A princípio até que funcionou, mas seus filhos não eram assim tão inocentes. Falavam de Deus, papai noel e coelhinho da páscoa pra mim. Se pelo menos dois desses eu descobri que era mentira, o terceiro foi junto, claro.
Depois disso os serões da bíblia ficaram muito mais divertidos. Pois é, a gente ficava rindo dos absurdos que tinham naquele livro! Adão e Eva? Tenha dó! Sem dúvida o nosso preferido era a história de Jó. Pegar alguém e massacrar daquele modo só para ver se ele era fiel de verdade!
Com 10 anos eu vi de perto a paranóia de uns amigos de tentar me convencer da existência de Deus. Não era muito complicado já que os argumentos deles eram do nível de "quem criou as árvores?". Ria-me e perguntava como ele sabia que tinha sido Deus, e eles piravam só com essa resposta. A cabeça deles não podia lidar com o fato de não existir Deus, afinal foram criados assim.
Com o passar dos anos as brigas ficaram mais até interessantes, e isso foi um pouco antes deles começarem a me discriminar. "Sai daqui, seu ateu" virou uma frase comum pra mim. Continuavam meus amigos, mas quando não tinham argumentos pra qualquer discussão, essa era a resposta. Aprendi lidar com isso, fingia que eles eram um rebalho, onde seu pastor era um velho cego.
Passada essa fase da minha vida, eu entrava em outra: ensino médio. Lá deparei com uma babilônia de religiões. Mas era muito tranquilo porque ninguém ligava muito pro que o outro acreditava, tinham a acabeça mas aberta. Lá podíamos conversar sobre religião como pessoas civilizadas e isso mudou minha opinião sobre alguns aspectos. Eu já não achava que era um controle populacional (em alguns casos, é sim), e sim uma desesperada forma de aliviar a dor da morte e dessa devoradora curiosidade de saber o que tem depois dela.
Nunca liguei pro que as pessoas pensavam sobre isso, cada um tem a opinião e o direito de acreditar ou não em qualquer coisa. O que me revolta mesmo, o que me deixa irado (e não só a mim) são os safados que se aproveitam dessa necessidade humana de acreditar em algo e lucram com isso. Por trás de]aquela fachada bonitinha da Igreja Universal tem um pilantra montado em milhões de dólares, enquanto seus fiéis lhe entregam o suado trocado do pão.
Isso foi apenas um leve desabafo sobre coisas que estão na minha cabeça a 20 anos e que eu tinha a necessidade de soltar. Um possível capitulo da minha biografia.
E Se?
Há 3 semanas